Sunday, September 9, 2007

Ela vem pela montanha, ela vem... (continuação)

No dia seguinte fui acordado pelo pessoal que se preparava para fazer um passeio pelo lugar e claro que não ia ficar de bobeira. Arrumei uns mijados e lá fomos nós. Nem preciso dizer que depois de 15 minutos de ritmo acelerado do nosso "guia" o nível de tabaco e de lipídios no corpo do pessoal da firma fazia a negada puxar o freio de mão. Continuamos em um ritmo mais user friendly e aí sim todos ficaram felizes. O visual e as sensações de aventura e perigo faziam valer a pena. Alguns ainda estavam meio borrados em razão da altura e da trilha nem sempre segura. Combinamos que o ponto final seria o almoço em um platô com vista para 2 das geleiras do lugar. Seria bacana e daria 5 horas no total. Um bom número considerando que metade da tropa estava para morrer no início da jornada.

Sandubas, fotos e aquela descansadinha para recuperar as forcas. Tudo pronto para a volta quando alguém pilha a negada para irmos adiante, com aquele blablabláque a gente nunca mais teria essa chance, que o tempo estava perfeito, etc. Pronto, fomos em frente. Para o alto e avante. Sempre tinham me falado mas não acreditava. Quando se comeca a escalar uma montanha o cume atrai.

Depois de subir e descer, fazer sol, chuva e muita chuva, neve, gelo, pedras e rios pelo caminho, era mais do que hora de voltar. Já havíamos estendido o passeio em umas 3h e agora realmente não era frescura. Alguns reclamavam de lesões, outros de cansaço e outros não falavam nada, mas dava pra ver no rosto que o fecaloma já comecava a escorrer pela perna. O problema é que pra voltar não dava para fazer o mesmo caminho da ida (claro, é só somar - seriam mais 8 horas de caminhada) e o jeito era pegar uma trilha alternativa. Chovia muito e em alguns pontos realmente dava um frio na barriga. Claro, uma merda poderia acontecer, mas quase que todos surtaram: não iam adiante porque seria muito perigoso, estavam cansados e machucados. A solução? Queriam um helicóptero para voltarem. Sim, verdade. Ok, parem de rir. Sério, parem.
Telefonamos para o resgate e mandaram 3 bonecos no estilo Braddock a pé. Eu não acreditava. Todos queriam receber um curativo ou algo assim. Os painkillers dos caras acabaram em dois toques. Pareciam pinto no lixo. Em 2 horas estávamos de volta ao acampamento, e achei que uma gozacao básica seria normal (e até aceitável), mas pelo jeito essas coisas aqui na Islandia são bem sérias. Vi essa semana até que 2 alemães estão desaparecidos em uma geleira há 10 dias. Esses foram pra banha, certamente. O pessoal da firma nos recebeu aliviados que nada mais grave tinha acontecido. A partir daí tudo foi alegria. Nem mesmo o banho gelado estragou a noite. Churrasquinho, trago e soninho. Pronto pra outra!

Panorâmica do lugar e descida da montanha. Para ver mais fotos, clique aqui e aqui. Beijos!

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