Saturday, November 17, 2007

Mamma mia!

Quanto mais o tempo passa mais me habituo à vida islandesa, procurando curtir ao máximo meu tempo livre com os novos amigos. Sexta-feira, que naturalmente já é abençoada, cada vez mais ganha destaque no calendário por ser o dia do encontro com a máfia siciliana.

A bola não é das mais excitantes, até porque já tinha me retirado dos gramados e não vejo mais muita graça na coisa. Porém, o pessoal, a bagunça, a gritaria, o arreganho e principalmente a acolhida que todos os carcamanos demonstram são impressionantes.

Nas últimas vezes fui convidado para o pós jogo, quando alguns se reúnem em um apê para meter umas pizzas, jogar videogame, fumar algum entorpecente e tomar umas biras. Eu vou de cabeça nas pizzas e dou uma beliscada nas biras enquanto passo o resto e procuro mais ouvir o pessoal fumado conversando, o que tem melhorado o meu italiano consideravelmente. O bom é que sempre rola uma cantoria ou uma história interessante pra animar o final do esquema. Como todo bom papo de italiano, cada um dá um pitaco, mas ninguém sabe nada.

Nesse último o pessoal resolveu mudar um pouco o cardápio. Putz, pasta feita por italianos, muito massa (pu rum tum pá). Acho que era um macarrão à carbonara, torto de bom e seguindo um ritual das nonas. Até botei na mesa a questão épica capelletti X anolini, mas não foi dessa vez que foi solucionado o mistério. Quem sabe agora em Milão alguma Mamma resolve isso de uma vez por todas! Enfim, a aventura vale mesmo por poder ficar jogadão falando merda e metendo um rango com os parceiros. Estava sentindo falta já.

Saturday, November 10, 2007

Por que a Iceland não é tão gelada nem a Greenland tão verde assim

Extra! Extra! Rei nórdico aplica a maior pegadinha do Malandro de todos os tempos!

Deve ter sido essa a manchete na época da descoberta da Groenlândia. Erik the Red, rei norueguês e responsável pela suruba na época, tinha um quê muito forte de publicitário e levou ao pé da letra a filosofia do chalalá. Segundo as Sagas islandesas, ele acabou nomeando a ilha de Greenland, dizendo que as pessoas ficariam ansiosas para ir e colonizar se o lugar tivesse um nome bacana. Acho que acabou não rolando.

A idéia talvez tenha surgido pra amenizar a cagada que rolou aqui na Islândia. Enquanto o nome em Português pode parecer inocente e talvez insignificante, em islandês literalmente é "Terra do Gelo". Sei que primeiro veio um marinheiro sueco (ui!) e chamou de Snæland (Snowland) e depois um certo egocêntrico chamado Garðar que colocou o nome bonito dele no lugar. Quando se achava que nada podia piorar, veio um nego mais perdido ainda, aportou no lugar mais inóspito daqui, administrou mal os suprimentos que tinha e ainda pegou um inverno brabo. Muito mangola. Um amigo que veio para cá mês passado deixou uma pergunta que certamente também passou pela cabeça desse pessoal durante a época da colonização (por volta de 870 d. C.): "será que a dona Islândia quer que a gente volte?". Com os visitantes tendo isso em mente, o resultado certamente não podia ser outro: ficava de vez o nome de Ísland (Iceland/Terra do Gelo).

Claro que moro em um lugar bem frio, mas não é tão Gelolândia assim, mas só em função do Gulf Stream que deixa a ilha habitável. Em um post no futuro eu falo mais sobre isso.

Bom, depois desse momento Mundo de Beakman as lições que ficam são:
1) A Islândia não é tão congelada assim e tampouco a Groenlândia é verde.
2) Nunca acredite em propaganda ou em reis, especialmente aqueles que dizem que um lugar acima do paralelo 60°N é verde.
3) As traduções brasileiras viajam na maionese e são uma merda mesmo, com exceção das pérolas "Um Tira da Pesada" e "Debi & Lóide".













(quem é quem na foto?)